As Cortinas de Burle Marx

Quando nós falamos de Roberto Burle Marx - ou apenas, Burle Marx – nós somos transportados aos seus ilustres jardins; Formas sinuosas, traçados livres, linhas descompromissadas, em meio a flora brasileira e suas particularidades. O estilo singular foi moldado pela influência das vanguardas europeias, principalmente, através da arte abstrata, concretismo e o construtivismo. Tais características são resultados da mentalidade disruptiva, pois, além de artista plástico, ele também era pintor, desenhista, designer, escultor e cantor.

Conhecido internacionalmente, o nome Burle Marx carrega consigo identidade cultural e brasilidade, o que resultou em títulos e reconhecimentos, como: doutor honoris, causa da Royal College of Art, em Londres (1982). Com mais de três mil projetos, perante 20 países, ele ainda produziu mais de 12 quadros, entre eles: Mundo Novo (1986) e Favela (1991). Repleto de particularidades, Marx ainda foi responsável por um projeto exclusivo (e pouco conhecido) – a vestimenta cênica do Teatro Anchieta, no SESC Consolação, em São Paulo.

Em 14 de novembro de 1967, o teatro avistou a boca de cena de Burle Marx pela primeira vez. Um verdadeiro espetáculo! Uma verdadeira amostra do poder das cores, através de curvas e formas suntuosas – representando o melhor dos anos 60’s. Contudo, com as reformas do espaço, a cortina permaneceu arquivada no Acervo Sesc de Arte Brasileira, distante dos olhos do público.

Em 2018, um grande time de profissionais foi contratado para administrar o restauro da vestimenta. Dentre eles, a Cineplast! Nós fomos responsáveis pelo processo inicial, logo após do desarquivamento da peça. Realizamos a costura de reparação e a revitalização estrutural, em nossa sede, em Vinhedo. Logo em seguida, ela foi enviada novamente para São Paulo, onde passou por um novo projeto de revitalização das cores, em um ateliê especializado. Quando finalizada, nossa equipe instalou os novos trilhos e reinstalou a peça histórica, no dia 05 de julho de 2018.

Um dos privilégios do nosso trabalho é a oportunidade de nos encontramos com grandes ícones da história brasileira, sendo: personalidades ou espaços, propriamente. Preservar a história é uma verdadeira virtude, principalmente, quando fazemos disso parte da nossa própria trajetória.

Texto: Enzo Gabrielloni Rossi