Ideologia Estética - Paulo Mendes da Rocha
Edifícios imponentes, funcionais e impactantes são distinções que destacam o Brutalismo Paulista – movimento que surgiu em oposição ao caráter burguês da arquitetura brasileira. Consolidado em 1960, tornou-se questionável, principalmente, por descontruir padrões estabelecidos na primeira arte. Os seus realizadores eram classificados como forasteiros, sem precedentes. Dentre eles, destaca-se o grande arquiteto: Paulo Mendes da Rocha – responsável por desenvolver uma nova linha de pensamentos arquitetônicos.
Nascido em Vitória, no Espírito Santo, em 1928, Paulo Mendes da Rocha cresceu rodeado de inspirações e referências, principalmente, pela presença de seu pai; engenheiro renomado de portos e navegações. Desde jovem, acompanhara o desenvolvimento das obras, o que despertou o interesse na profissão. Com o decorrer do tempo, formou-se o início de sua visão arquitetônica: “os engenhos transformam as coisas”.
Formou-se em Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, no ano de 1954. Tal escolha se consolidou pela crença na capacidade do homem de intervir na natureza, de forma criteriosa. De tal maneira, desenvolveu sua assinatura moderna, que mais tarde seria considerada um dos pilares do Brutalismo Paulista.
Seus projetos são marcados por uma estética limpa, valorizando o tipo de arquitetura estrutural, como: vigas, pilares e lajes. O concreto, a madeira e o vidro são elementos de destaque, que desenvolvem uma atmosfera imponente e arrojada. Formas geométricas e ângulos são característicos, a fim de promover variedade. No entanto, apesar da estética marcante, os projetos de Paulo Mendes da Rocha são característicos pela integridade ideológica
Após o convite de João Batista Villanova Artigas, o arquiteto integrou e promoveu diversos debates na Escola Paulista de Arquitetura Brasileira. Em suas falas, indagava o debate social sobre o cenário da arquitetura, valorizando pontos sociais e humanistas. Contudo, em 1969, tais pautas desagradaram o governo militar vigente, que proibiram Rocha de lecionar – até 1980.
Apesar da censura, a carreira de Mendes da Rocha ficou conhecida internacionalmente, com prêmios de destaque no cenário da arquitetura mundial: Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina, projeto: reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Prêmio Pritzker (em 2006) e o Leão de Ouro (2016).
Paulo Mendes da Rocha é considerado um dos arquitetos mais expressivos e influentes da arquitetura brasileira. Seu legado é classificado como atemporal, principalmente, pelos debates e reflexões evidenciados em seus projetos. Ele atuou até o final da vida, no edifício do IAB-SP. Faleceu no dia 23 de Março de 2021, com 92 anos.
-Enzo Gabrielloni Rossi